PROJETO DE MESTRADO alterado_1 - LERF - USP

Universidade Federal de Santa Catarina 

Centro de Ciências Biológicas 

Departamento de Botânica 

Pós Graduação em Biologia Vegetal 

Etnobotânica de restinga em comunidades da Ilha do Cardoso (SP) e da Ilha de 

Santa Catarina (SC) 

Florianópolis 

julho / 2004 

Aluna: Tatiana Mota Miranda 

Orientadora: Natalia Hanazaki 

Apoio: FAPESP / FUNCITEC

1. Introdução 

Inúmeros cientistas têm ultimamente voltado sua atenção para as florestas 

tropicais, possuidoras de mais da metade das espécies da biota mundial (Wilson, 1997; 

Gentry, 1992; Toledo, 1987), mas cuja sobrevivência está ameaçada por rápida 

destruição, que já as reduziu a apenas 7% da superfície terrestre (Myers, 1997). 

Ecossistemas como esse, que abrigam elevados índices de espécies endêmicas, são 

considerados áreas prioritárias de conservação (Myers et al. 2000). Em 1988, algumas 

destas áreas foram denominadas “hotspots de biodiversidade” (Myers, 1988), 

estabelecendo 25 deles na Terra, sendo a Mata Atlântica o quarto mais ameaçado 

(Myers et al. 2000). 

Segundo Wilson (1997), uma área correspondente a 99% da cobertura da Mata 

Atlântica do Brasil já foi devastada em decorrência de fatores como o desmatamento, a 

industrialização e a agricultura extensiva (Myers, 1997), mais praticados a partir de 

1950, além da elevada densidade populacional registrada na área (MMA, 2002). Tal 

devastação ameaça também um rico patrimônio histórico e diversas comunidades 

tradicionais, que constituem parte importante da identidade cultural do país (MMA, 

2002) e que, segundo Plotkin (1988), estão desaparecendo mais rapidamente do que as 

florestas em que habitam. 

No litoral brasileiro, são encontrados cinco tipos de comunidades tradicionais de 

modos de vida muito semelhantes, porém, de distintas origens (Diegues e Arruda 2001; 

Willems, 2003), caracterizadas por possuírem conhecimentos, práticas e crenças 

intimamente relacionados a processos adaptativos, perpetuados através de transmissão 

cultural sobre as relações entre os seres vivos e seu ambiente (Berkes, 1999), como, por 

exemplo, os caiçaras, no litoral sudeste, e os descendentes de açorianos em Santa 

Catarina. 

Na região do litoral norte do Paraná ao litoral sul do Rio de Janeiro, os caiçaras 

são habitantes rurais nativos da Floresta Atlântica, descendentes de índios e 

portugueses, que sobrevivem hoje da agricultura de pequena escala, da pesca e da 

extração de recursos do ambiente, como plantas empregadas para fins alimentares e 

medicinais (Begossi, 1998). Segundo Willems (2003), esta dependência dos recursos 

naturais para a sobrevivência atribui aos caiçaras um caráter altamente adaptativo ao 

ambiente no qual estão inseridos.

Nos últimos 20 anos, os caiçaras têm se dedicado também, para a obtenção de 

recursos financeiros, a atividades relacionadas ao turismo (Begossi et al., 2002a). De 

acordo com Hanazaki (1997), esses nativos podem desempenhar papel de destaque na 

conservação da Mata Atlântica, em função do seu vasto conhecimento sobre a natureza, 

acumulado ao longo de gerações, que deve, segundo Toledo (1987), ser transformado 

em valioso aliado na busca da melhoria da qualidade de vida das populações mundiais. 

Estudos feitos sobre algumas comunidades caiçaras (Begossi et al. 2002b; Figueiredo et 

al. 1993; Hanazaki et al. 1996; 2000), evidenciaram a importância de seu conhecimento 

para conservação, em decorrência de possuírem uma concepção sistêmica do ambiente 

(Albuquerque, 1999). 

Mais ao sul, as comunidades tradicionais costeiras têm influência da cultura 

açoriana. Estes moradores são, de fato, descendentes de imigrantes das ilhas dos Açores 

e de portugueses continentais que se estabeleceram no litoral catarinense e gaúcho a 

partir do século XVIII, guardando traços culturais próprios, apesar da miscigenação 

com negros e índios, dos quais também apresentam influências culturais. Antes, viviam 

principalmente da pesca e da agricultura de pequena escala. Atualmente, dedicam-se ao 

turismo, devido ao grande potencial paisagístico da região (Diegues e Arruda 2001). 

Embora os moradores destas comunidades vivam próximos a grandes centros 

urbanos e, por isso, tenham contato com a medicina moderna, tais comunidades ainda 

mantêm significativo conhecimento sobre plantas nativas e seus respectivos usos, 

provavelmente devido à sua restrita condição econômica (Prance, 1991), que as torna 

dependentes dos recursos florestais para sobrevivência (Figueiredo et al. 1993). Com 

tais características, mostram-se adequadas a estudos etnobotânicos. 

A Etnobotânica, termo concebido em 1895, é ciência que teve origem nas 

numerosas observações de exploradores, missionários, naturalistas e botânicos, ao 

estudarem o uso de plantas por comunidades exóticas de todo o mundo (Davis, 1995), e 

pode ser definida como o estudo das interações homem-planta, embebidas em 

componentes naturais e sociais de ecossistemas dinâmicos (Alcorn, 1995). Devido à sua 

interdisciplinaridade, decorrente do vasto campo de estudo, apresenta metodologias 

extremamente diversas, originárias tanto das ciências biológicas quanto sociais. Inclui 

também técnicas de diversas disciplinas como economia, lingüística, ecologia, 

antropologia e farmacologia, que, juntas, fornecem linhas de investigação propícias ao 

estudo etnobotânico (Cotton, 1996; Prance, 1991). Segundo Di Stasi (1996), esta 

característica tem sido reconhecida como ponto crucial para o desenvolvimento de

estudos mais elaborados, profundos e, conseqüentemente, de maior credibilidade 

científica e menores probabilidades de erros. 

Segundo Albuquerque (1997; 1999), a acumulação do conhecimento oriundo das 

investigações etnobotânicas possibilita a promoção de programas para o 

desenvolvimento e preservação dos recursos naturais dos ecossistemas tradicionais; a 

documentação do conhecimento tradicional e dos complexos sistemas de manejo e 

conservação dos recursos naturais dos povos tradicionais; o reconhecimento e a 

preservação de plantas potencialmente importantes em seus respectivos ecossistemas e a 

descoberta de substâncias de origem vegetal com aplicações médicas e industriais. De 

acordo com tais atributos, a etnobotânica não pode estar ausente das discussões relativas 

ao meio ambiente (Albuquerque, 1997). 

O estudo das finalidades para as quais as comunidades tradicionais fazem uso 

das plantas está se tornando uma necessidade urgente, especialmente no mundo tropical. 

O conhecimento acumulado por estas populações enriquecerá o pouco que ainda se sabe 

sobre a utilização da flora tropical (Amorozo, 1988), contribuindo para o entendimento, 

o uso e a proteção dos ecossistemas tropicais. 

2. Justificativa 

A Mata Atlântica, que outrora se estendeu do Nordeste brasileiro ao Rio Grande do 

Sul, pode ser definida, apesar da redução sofrida, como um bioma composto por uma 

série de tipologias ou unidades fitogeográficas intimamente relacionadas, sendo a 

restinga, objeto deste estudo, uma delas (MMA, 2002). 

Formação florística composta por uma vegetação altamente adaptada a condições 

salinas e arenosas, características das regiões litorâneas, a Restinga, ainda que detentora 

de alta diversidade biológica e de espécies amplamente utilizadas na alimentação, 

medicina e ornamentação humanas, encontra-se muito ameaçada (IBAMA, 2004). 

A Restinga merece esforços concentrados para conservar o pouco que ainda resta 

deste valioso ecossistema, sendo fundamental, para tanto, a contribuição de estudos 

etnobotânicos. Análises sobre a distribuição do conhecimento acerca dos recursos 

vegetais entre os membros dessas comunidades; a verificação de potencial econômico e 

formas de extração das espécies; a influência de seu uso sobre a vegetação como um 

todo e ainda o resgate de seus valores culturais, otimizam "a busca de propostas de

manejo e extração, visando a sustentabilidade e a conservação de áreas florestais na 

Mata Atlântica" (Hanazaki, 2001), através da participação das comunidades locais, 

valorizando sua cultura, impedindo-lhe a descaracterização, e melhorando sua qualidade 

de vida. 

É importante ressaltar, também, que estudos de caráter comparativo permitem a 

análise sobre padrões de uso de um mesmo tipo vegetacional por comunidades locais 

com influências culturais distintas, mas com estratégias de subsistência historicamente 

semelhantes, como apontado por Willems em seu estudo sobre comunidades caiçaras no 

Sul do Brasil (Willems, 2003). 

A importância dessas comunidades, como atores principais na busca de alternativas 

para a conservação dos ecossistemas terrestres, exige dos pesquisadores envolvidos um 

retorno dos estudos feitos, ao menos, para torná-los conscientes de seu alto valor social, 

como já mencionado na Declaração de Belém. Este documento, elaborado em reunião 

de cientistas das áreas de Etnobiologia e Etnoecologia em Belém (PA), na década de 

1980, contém propostas de ações para a conservação da diversidade cultural do país, 

onde procedimentos para compensação dos povos nativos são destacados (Campos, 

2002). 

3. Objetivos 

Objetivo geral: 

O objetivo geral desta pesquisa é estudar a etnobotânica de comunidades 

litorâneas em áreas de Restinga, analisando o uso dos recursos vegetais para fins 

alimentares, medicinais, manufatureiros e artesanais. 

Objetivos específicos: 

Os objetivos específicos são: 

• efetuar um registro das plantas conhecidas e usadas; 

• analisar a distribuição do conhecimento entre os membros das comunidades; 

• comparar os dados obtidos em diferentes áreas de estudo; 

• efetuar o resgate de aspectos culturais, como técnicas artesanais de construção 

de moradias e de artefatos de pesca;

• verificar a existência de potencial econômico, bem como estudar as formas de 

extração e utilização das espécies; 

• confeccionar cartilhas para-didáticas, como forma de retribuição dos resultados 

às comunidades estudadas; 

4. Material e métodos 

4.1. Vegetação de Restinga 

A Restinga brasileira pode ser definida como um conjunto de ecossistemas 

costeiros compostos por comunidades vegetais distintas florística e fisiologicamente, 

comuns em solos arenosos pouco desenvolvidos, formando complexos vegetacionais 

pioneiros. Compreende fisionomias originalmente herbácea/subarbustiva, arbustiva ou 

arbórea, que variam de acordo com a inundação do terreno e influência da salinidade. 

Pode apresentar-se em mosaico ou numa certa zonação, em geral no sentido oceano- 

continente, quando há um aumentando da lenhosidade e da altura da vegetação, assim 

como do número de espécies ocorrentes (Falkenberg, 1999; Barros et al. 1999). 

A Restinga arbórea, objeto deste estudo, é a fisionomia que apresenta maior 

riqueza de espécies, de distintos hábitos, sendo freqüente em áreas bem drenadas ou 

paludosas, ocorrendo principalmente em dunas semifixas e fixas, depressões, cordões 

arenosos, planícies e terraços arenosos. Algumas das espécies mais importantes são: 

Canistrum lindenni (gravatá), Vanilla chamissonis (orquídea-baunilha), Clusia 

parviflora (mangue-formiga), Coussapoa microcarpa (figueira-mata-pau), Psidium 

cattleyanum (araçazeiro), entre outras (Falkenberg, 1999). 

4.2. Áreas de estudo 

A presente pesquisa pretende estudar o conhecimento associado à Unidade 

Fitogeográfica de Restinga, ocorrente nos Estados de São Paulo (SP) e Santa Catarina 

(SC), nos Parques Estaduais da Ilha do Cardoso e da Serra do Tabuleiro, 

respectivamente. 

O Parque Estadual da Ilha do Cardoso (PEIC) situa-se no extremo sul do litoral 

do Estado de São Paulo, próximo a divisa com o Estado do Paraná, no município de 

Cananéia entre as coordenadas 25º 05' a 25º 15' Lat S e 47º 53' a 48º 06' Long W,

pertencendo ao complexo lagunar de Iguape – Cananéia – Paranaguá. Criado pelo 

Decreto nº 40.319 em 03 de agosto de 1962, conta com uma área de 22.500ha, 

abrangendo ecossistemas como Mata Atlântica e algumas de suas unidades 

fitogeográficas associadas como Floresta Pluvial de Encosta e Planície, Manguezal e 

Restinga, além da Paria Arenosa e Costão Rochoso (IF, 2004) (Figura 1). 

Dentro do PEIC foram selecionadas as comunidades de Pereirinha, Itacuruçá, 

Foles e Camboriú, por serem as localidades mais próximas a áreas com mata de 

Restinga, além de poucos estudos relativos a tais comunidades terem sido 

desenvolvidos, incluindo pesquisas etnobotânicas. 

A comunidade de Pereirinha é composta predominantemente por funcionários do 

PEIC, como guias e responsáveis pelo núcleo Perequê, próximo a ela. Este núcleo 

possui ampla infra-estrutura para recepção de visitantes, incluindo pesquisadores, e 

conta com alojamento, centro de visitantes, laboratórios e museu. Segundo informações 

bibliográficas (Milanelo, 1992; Hanazaki, 2001b) e observações de campo, Pereirinha 

conta com seis casas, totalizando aproximadamente 13 moradores. 

Itacuruçá, além de possuir uma capela, conta com sete casas e aproximadamente 

10 habitantes. Situa-se próxima a Pereirinha e a principal atividade econômica de seus 

moradores é a pesca artesanal (Milanelo, 1992; Hanazaki, 2001b). 

Camboriú e Foles, estabelecidas na face oceânica da ilha, são as comunidades de 

mais difícil acesso, feito por barco ou por uma longa e dificultosa trilha. Com 

aproximadamente 13 casas, abrigando 52 habitantes, Camboriú é constituída por 

pescadores que, muitas vezes, possuem casas secundárias, alugadas para veranistas. 

Encontra-se ainda nesta comunidade, uma escola de ensino fundamental. Foles, com 

aproximadamente 20 habitantes e 10 moradias, também é predominantemente composta 

por pescadores (Milanelo, 1992; Hanazaki, 2001b). 

De acordo com Milanelo (1992), um turismo desordenado e emergente ameaça a 

existência de todas as comunidades da Ilha do Cardoso.

Figura 1: Comunidades a serem pesquisadas - PEIC 

Fonte: Hanazaki, 2001a, alterado. 

O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (PEST) é considerado a maior Unidade 

de Conservação do Estado de Santa Catarina, ocupando 1% de seu território. Criado 

através do Decreto nº 1260/75, apresenta uma extensão de 87.405ha, abrangendo nove 

municípios: Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São 

Bonifácio, São Martinho, Imaruí, Garopaba e Paulo Lopes, além das ilhas de Fortaleza, 

Araçatuba, Ilha do Andrade, Papagaio Pequeno, Três Irmãs, Moleques do Sul, Siriú, 

Coral, dos Cardos e a ponta sul da Ilha de Santa Catarina, onde se localiza a praia de 

Naufragados, nosso objeto de estudo. Diferentes formações vegetais são encontradas no

PEST, incluindo Floresta Atlântica e suas associações como restingas e manguezais, 

além da Floresta de Coníferas e Campos de Altitude (FATMA, 2004) (Figura 2). 

No PEST foi selecionada a comunidade da praia de Naufragados, por 

assemelhar-se às comunidades da Ilha do Cardoso, situando-se numa área de Restinga 

arbórea e pela ausência de estudos etnobotânicos desenvolvidos na área. 

De acordo com informações locais, a comunidade, composta por pescadores 

remanescentes da primeira ocupação de açorianos no século XVII, possui de 10 a 20 

casas de moradores fixos, além daqueles que a freqüentam apenas nos finais de semana. 

Segundo Reis (2003), a pesca é a principal atividade econômica da comunidade, que 

pratica também agricultura para subsistência. Naufragados conta também com uma 

associação de moradores, a AMOPRAN (Associação de Moradores da Praia de 

Naufragados) (Reis, 2003). 

Figura 2: Comunidade a ser pesquisada - PEST 

Fonte: Ferretti, 2002, alterado.

4.3. Metodologia 

De acordo com autores como Viertler (2002) e Martin (1995), os pesquisadores da 

área de etnobiologia e etnoecologia, por lidarem com sociedades culturalmente distintas 

da nossa podem se deparar com armadilhas, que muitas vezes, comprometem o estudo a 

ser desenvolvido. Por isso, devem estar atentos a características relativas aos 

informantes, como seu comportamento e fala, registros de campo e metodologias 

adequadas. 

O contato prévio com as comunidades escolhidas, etapa já concluída, é um dos 

preceitos básicos de pesquisas etnobotânicas, que assegura sua adequação às propostas 

do projeto, assim como a participação dos informantes na pesquisa. Partindo-se do 

princípio de um estudo comparativo, buscou-se uma comunidade na Ilha de Santa 

Catarina que mais se assemelhasse às selecionadas na Ilha do Cardoso. Após visitas de 

campo nos arredores da Estação Ecológica de Carijós e em várias áreas de Restinga do 

Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, selecionou-se a comunidade de Naufragados, no 

extremo sul da Ilha. 

O estudo consistirá na realização de entrevistas semi-estruturadas com os 

moradores do local maiores de 18 anos, de ambos os sexos, cujas questões 

compreendem os aspectos sócio-econômicos das comunidades, assim como, o 

conhecimento e o uso dos recursos vegetais da região (Hanazaki et al. 1996; 2001a) 

(ANEXO I). Para assegurar a suficiência amostral, serão entrevistados todos os 

moradores que se dispuserem a participar da pesquisa. 

As entrevistas semi-estruturadas são métodos amplamente utilizados na 

etnobotânica, baseados em tópicos pré-definidos que permitem ao pesquisador certa 

flexibilidade, conforme o andamento da entrevista, visando canalizar o diálogo para 

questões a serem investigadas (Viertler, 2002). 

As espécies citadas no levantamento etnobotânico serão coletadas de acordo com 

padrões metodológicos da área (Ming, 1996), identificadas por especialistas e 

depositadas no acervo do Herbário ESA (ESALQ/USP) – espécies vegetais 

mencionadas na Ilha do Cardoso – e no Herbário FLOR (UFSC/SC), espécies coletadas 

na Ilha de Santa Catarina. 

Na Ilha do Cardoso realizar-se-á, ainda, um transecto (ANEXO II) com alguns 

informantes, previamente escolhidos em entrevista, no interior de uma parcela 

permanente já instalada, associada ao projeto temático “Diversidade, dinâmica e

conservação em florestas do estado de São Paulo: 40ha de parcelas permanentes” 

(Laboratório de Sistemática e Ecologia Vegetal do departamento de Ciências Biológicas 

da ESALQ/USP), onde informações etnobotânicas sobre as principais espécies 

utilizadas serão detalhadas (Hanazaki, 2001a). Tal parcela, situa-se nos arredores do 

núcleo Perequê, no interior de uma vegetação de Restinga. 

O projeto acima citado está sendo desenvolvido em quatro Unidades de 

Conservação (UC) paulistas (Parque Estadual da Ilha do Cardoso; Estação Ecológica de 

Carlos Botelho; Estação Ecológica de Caitetus; Estação Ecológica de Assis), que 

representam quatro das principais formações florestais de São Paulo: Floresta de 

Restinga, Floresta Atlântica de Encosta, Floresta Estacional Semidecidual e Cerradão. 

Em cada uma das áreas foram alocadas 256 sub-parcelas permanentes de 400m 2 cada, 

numa parcela maior de 320m x 320m, totalizando 10,24 ha de área amostrada em cada 

uma das UC’s (Rodrigues et al. 2004) 

As áreas amostradas estão sendo detalhadas através da análise de seus aspectos 

físicos (solo, luz, temperatura, etc), e da identificação e georrefereciamento dos 

indivíduos vegetais com DAP (Diâmetro na Altura do Peito) superior ou igual a 15 cm. 

Dados físicos e biológicos serão correlacionados na perspectiva de entender as 

diferenças nos tipos vegetacionais e promover uma adequação de práticas de manejo e 

conservação (Rodrigues et al. 2004). 

As informações obtidas com o levantamento etnobotânico realizado na Ilha do 

Cardoso serão ainda integradas a informações ecológicas geradas através do 

monitoramento da parcela permanente existente na área. 

Os dados serão analisados qualitativa e quantitativamente, através de ferramentas já 

utilizadas em etnobotânica (Begossi, 1996a; Hanazaki et al. 1996). Segundo Begossi 

(1996b), análises quantitativas podem ser usadas com intuito de estudar a relação entre a 

diversidade biológica e cultural, incluindo a avaliação da intensidade do uso dos 

recursos naturais por populações nativas, as comparações entre comunidades distintas 

ou segmentos diferentes de uma mesma comunidade, as análises tamanho amostral, 

entre outros aspectos. Alguns autores destacam a importância dos índices de diversidade 

(Begossi et al. 2002a; Hanazaki et al. 1996) assim com o uso as análises multivariadas 

(Peroni, 2002). 

Ao término do trabalho, elaborar-se-á, em linguagem acessível, uma cartilha com 

informações relevantes obtidas através da pesquisa, a ser disponibilizada para as

comunidades, inclusive para eventual uso como material para-didático das unidades 

escolares das respectivas áreas, caso manifestem interesse. 

5. Viabilidade do projeto 

O presente trabalho está vinculado a dois projetos temáticos: 

1) “Diversidade, dinâmica e conservação de florestas do Estado de São Paulo: 

40ha de parcelas permanentes”, aprovado pelo Biota – FAPESP, proposto pelos 

Laboratórios de Sistemática e Ecologia Vegetal do Departamento de Ciências 

Biológicas da ESALQ/USP, sob a coordenação de Ricardo Ribeiro Rodrigues; 

2) “Uso de recursos e áreas de conservação: etnoecologia e conflitos de usos”, 

aprovado pelo FUNCITEC (FCTP 1284/037), sob a coordenação de Natalia Hanazaki, 

da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); 

Ambos projetos subsidiarão despesas de campo como transporte, estadia, 

alimentação e pagamento de serviços a terceiros, relativas a suas respectivas áreas de 

interesse, sendo o primeiro responsável pelo estudo na Ilha do Cardoso (SP) e o outro 

pela pesquisa a ser desenvolvida na Ilha de Santa Catarina (SC). 

Dentre as dificuldades possíveis no decorrer do projeto, a principal pode-se 

relacionar com a falta de disposição do entrevistado em participar da pesquisa. Por ser 

fundamental para o resultado do trabalho, procurar-se-á, caso esta previsão se confirme, 

abordar o maior número possível de pessoas, respeitando-se, naturalmente, a vontade do 

informante, a fim de evitarem-se possíveis vieses.

6. Cronograma 

ATIVIDADES 

Revisão 

bibliográfica 

Confecção do 

projeto 

MESES 

2004 2005 2006 

m a m J j a s o n d j f m a m J j a s o n d j f 

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 

x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 

x x x x x 

Entrega do projeto x 

Contato prévio x x x 

Coleta de dados (1ª 

x x x x x x x x x 

etapa) 

Coleta de dados (2ª 

etapa - transecto) 

x x x 

Coleta/identificação 

material botânico 

x x x x x x x x x 

Organização/análise 

de dados 

Retorno 

comunidade 

(cartilhas) 

x x x x x x x 

Relatório x 

Confecção 

dissertação 

Defesa da 

dissertação 

x 

x x x x x x 

x

7. Bibliografia 

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Ciências Biológicas, Piracicaba, ESALQ/USP. 

Hanazaki, N. 2001b. Diversidade, uso e conservação em florestas do Estado de São 

Paulo: potencial etnobotânico no entorno de parcelas permanentes. Relatório 

Parcial. Pós-Doutoramento. Laboratório de Sistemática e Ecologia Vegetal do 

Departamento de Ciências Biológicas, Piracicaba, ESALQ/USP. 

Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Disponível em 


Instituto Florestal (IF). Disponível em Acesso em: 25 de maio de 

2004. 

Martin, G. L. Ethnobotany: A methods manual. London. Chapman & Hall, 1995. 

Milanelo, M. 1992. Comunidades tradicionais do Parque Estadual da Ilha do Cardoso e 

a ameaça do turismo emergente. In: Anais do 2º Congresso Nacional de Essências 

Nativas. São Paulo. 1109-1111. 

Ming, L. C. 1996 Coleta de plantas medicinais. In: In Di Stasi, L. C. (org.). Plantas 

medicinais arte e ciência. São Paulo Editora da Universidade Estadual Paulista, 

cap. 6, p. 69-86. 

Ministério do Meio Ambiente. 2002. Avaliação e identificação de áreas e ações 

prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição dos 

benefícios da biodiversidade nos biomas brasileiros, Brasília. 

Myers, N. 1997. Florestas tropicais e suas espécies sumindo, sumindo...? In: Wilson, E. 

O. (Org.) Biodiversidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 36-45. 

Myers, N. 1998. Threatened biotas: “hotsposts” in tropical forests. Environmentalist. 

8: 187-208. 

Myers, N.; Mittermeier, R. A.; Mittermeier, C. G.; Fonseca, G. A. B.; Kent, J. 2000. 

Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature. 403: 853-858. 

Peroni, N. 2002. Coleta e análise de dados quatitativos em etnobiologia: introdução ao 

uso de métodos multivariados. . In Amorozo, M. C. M.; Ming, L. C.; Silva, S. M. P. 

(orgs.). Método de coleta e Análise de Dados em Etnobiologia, Etnoecologia e 

Disciplinas Correlatas - I Seminário de Etnobiologia e Etnoecologia do 

Sudeste. Rio Claro, 155-180. 

Plotkin, M. J. 1988. The outlook for new agricultural and industrial products from the 

tropics. In: Wilson, E. O. (Ed.) Biodiversity. Washington, D. C., National 

Academy Press, p. 106-116.

Prance, G. T. 1991. What is ethnobotany today? Journal of Ethnopharmacology. 32: 

209-216. 

Reis, A. 2003. Medição transdiciplinar de conflitos ambientais em unidades de 

conservação: estudo de caso na praia de Naufragados/Parque Estadual da 

Serra do Tabuleiro. Tese de Mestrado. Pós-graduação em Engenharia Ambiental. 

Florianópolis, UFSC/CETD. 

Rodrigues, Ricardo, et al. Diversidade, dinâmica e conservação de florestas do Estado 

de São Paulo: 40ha de parcelas permanentes. Disponível em: 


Toledo, V. M. 1987. La etnobotanica en Latinoamerica: vicisitudes, contextos, desafios. 

In: Memórias do IV Congresso Latinoamericano de Botânica, Medellin, p. 13- 

34. 

Viertler, R. B. 2002. Métodos antropológicos como ferramenta para estudos em 

etnobiologia e etnoecologia. In Amorozo, M. C. M.; Ming, L. C.; Silva, S. M. P. 

(orgs.). Método de coleta e Análise de Dados em Etnobiologia, Etnoecologia e 

Disciplinas Correlatas - I Seminário de Etnobiologia e Etnoecologia do 

Sudeste. Rio Claro, 11-29. 

Willems, E. A ilha de Búzios: uma comunidade caiçara no sul do Brasil. São Paulo. 

Editora Hucitec, 2003, 185p. 

Wilson, E. O. 1997. A situação atual da diversidade biológica. In: Wilson, E. O (Org.) 

Biodiversidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 3-24.

ANEXO I 

ROTEIRO PARA ENTREVISTAS – ETNOBOTÂNICA 

Localidade: ________________________ Data: ____ / ____ / 04 GPS:__________ 

Sexo: ( )M ( )F Idade: _____ anos Local de nascimento: ________________ 

Tempo de residência no local ou região: _____________ 

Escolaridade (até que ano cursou): 

Grau Não concluído (indicar até que série 

estudou) 

Analfabeto 

Ensino fundamental 1ª - 2ª - 3ª - 4ª - 5ª - 6ª - 7ª - 8ª 

Ensino médio 1ª - 2ª - 3ª - 4ª 

Ensino superior 1ª - 2ª - 3ª - 4ª - 5ª - 6ª 

Estado civil: ( )Solteiro/a ( )Casado/a ( )Viúvo/a ( )Separado/a ( )Outros 

Concluído 

Nº de residentes: ______________ Nº de homens: _______ Nº de mulheres:_______ 

Atividade Renda 

Pensão/Aposentadoria 

Conhecimento e uso de plantas: manufatura (H), medicinal (M), alimento (A), 

artesanato (AR), outros (O) 

Nome popular Ambiente Uso Finalidade Cult.? Já usou? Coleta? 

... 

Na sua opinião, quem são as pessoas que conhecem mais sobre plantas aqui na sua 

comunidade? 

__________________________________________________________________________

ANEXO II 

16 

15 

14 

13 

12 

11 

10 

9 

8 

7 

6 

5 

4 

3 

2 

1 

0 

TRANSECTO – DESENHO ESQUEMÁTICO 

A B C D E F G H I J K L M N O P

PROJETO DE MESTRADO alterado_1 - LERF - USP

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